Confissão de Fé Valdense de 1544

Cremos que há um só Deus, que é Espírito – o Criador de todas as coisas – o Pai de tudo, que é sobre tudo, e por tudo e em tudo; o qual deve ser adorado em espírito e em verdade – do qual dependemos continuamente, e a quem rendemos louvor por nossa vida, alimento, abrigo, saúde, enfermidade, prosperidade, e adversidade. Nós O amamos por ser a fonte de toda bondade; e O reverenciamos pois é o ser sublime, que sonda e prova os corações dos filhos dos homens.

Cremos que Jesus Cristo é o Filho e a imagem do Pai – que nEle habita toda a plenitude da Deidade, e que por Ele somente conhecemos ao Pai. Ele é o nosso Mediador e advogado; e não há outro nome dado debaixo do céu em que possamos ser salvos. Em Seu nome somente nos achegamos ao Pai; não nos utilizamos de orações além daquelas contidas nas Sagradas Escrituras, ou das que estão em concordância com elas.

Cremos no Espírito Santo como o Consolador, que procede do Pai e do Filho, por cuja inspiração somos ensinados a orar, sendo renovados por Ele em nossas mentes; quem nos faz novas criaturas para as boas obras, e de quem recebemos o conhecimento da verdade.

Cremos que há somente uma igreja santa, que compreende a assembléia dos eleitos e fiéis que existiram desde o principio do mundo e que existirão até o fim. O Senhor Jesus Cristo é o cabeça dessa igreja – ela é governada por Sua Palavra e guiada pelo Espírito Santo. Na igreja é necessário que os cristãos tenham comunhão. Cristo intercede por Ela sem cessar, e Sua oração por ela é a mais aceitável diante de Deus, sem a qual de fato não haveria possibilidade de salvação.

Sustentamos que os ministros da igreja devem ser irrepreensíveis tanto na vida como na doutrina; se se prova o contrário, eles devem ser depostos de seu ofício, e substituídos por outros; e que nenhuma pessoa pode presumir de tomar esta honra para si mesma senão aquele que é chamado por Deus como o foi Arão – que os deveres dos tais são alimentar o rebanho de Deus, não por lucro, ou como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas como exemplos para o rebanho, em palavra, em conversas, em caridade, em fé e em castidade.

Afirmamos que os reis, príncipes e governadores são os ministros designados por Deus, aos quais temos que obedecer [em todo assunto legal e civil], porque portam a espada para defender o inocente e castigar aquele que faz o mal; essa é a razão por que devemos honrá-los e pagar-lhes tributo.Ninguém pode se excluir desse poder e autoridade, como vemos no exemplo do Senhor Jesus Cristo, o qual voluntariamente pagou o tributo, sem tomar para si mesmo jurisdição alguma do poder temporal.

Cremos que a ordenança do batismo em águas é o sinal visível e externo que representa aquilo que, pela virtude da operação invisível de Deus está dentro de nós – isto é, a renovação de nossas mentes, e a mortificação dos nossos membros por meio da fé em Jesus Cristo. E por essa ordenança somos recebidos na santa congregação do povo de Deus, havendo professado e declarado nossa fé e novidade de vida.

Mantemos que a ceia do Senhor é uma comemoração dos (e em agradecimento pelos) benefícios que temos recebido por Seus sofrimentos e morte – e que deve ser recebida em fé e amor – examinando-nos a nós mesmos, de forma que possamos comer o pão e beber do vinho, como está escrito nas Sagradas Escrituras.

Sustentamos que o matrimônio foi instituído por Deus, que é santo e honorável, e que não deve ser proibido a ninguém, se não houver restrição por parte da Palavra de Deus.

Asseguramos que todos aqueles em que habita o temor de Deus serão guiados a agradá-lo, e a abundar em boas obras [do Evangelho], as quais deus preparou de antemão para que andássemos nelas – amor, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, mansidão, sobriedade, e todas as demais boas obras a que se exorta nas Sagradas Escrituras.

Por outro lado, confessamos que consideramos nosso dever ter cuidado com os falsos mestres, cujo objetivo é desviar as mentes dos homens da adoração verdadeira de Deus, e levá-los a pôr sua confiança na criatura, ao se apartarem das boas obras do Evangelho, e colocarem sua atenção nas invenções dos homens.

Temos o Antigo e Novo Testamento como nossa regra de vida, e concordamos com a confissão de fé [normalmente conhecida como] o Credo dos Apóstolos.

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