29 dezembro 2024

Cristianismo versus Liberalismo Teológico

O livro "Cristianismo e Liberalismo" foi escrito pelo teólogo e professor presbiteriano norte-americano J. Gresham Machen (1881-1937) e publicado pela primeira vez em 1923. A obra é uma defesa vigorosa do cristianismo ortodoxo em face do liberalismo teológico que ganhava força no início do século XX, apresentando um panorama dos desafios enfrentados pela igreja. O livro é um apelo à fidelidade às Escrituras e à singularidade do Evangelho.

O liberalismo teológico, conforme analisado por J. Gresham Machen, não é uma forma legítima de cristianismo, mas sim uma religião distinta devido às suas diferenças fundamentais em relação à doutrina, à autoridade bíblica, à visão de Deus e do homem, e ao caminho da salvação. Machen argumenta que o liberalismo dilui e descaracteriza a essência do Evangelho, comprometendo a autoridade das Escrituras e negando a centralidade da expiação de Cristo.

As diferenças fundamentais são:

  • Autoridade: O cristianismo se baseia na Bíblia como a Palavra de Deus, a regra infalível de fé e prática. Em contraste, o liberalismo se fundamenta nas emoções e opiniões dos homens, frequentemente reinterpretando as Escrituras à luz da razão e das tendências culturais contemporâneas. A interpretação bíblica liberal é seletiva, adaptando as passagens às normas culturais, o que leva a uma distorção da mensagem.
  • Deus: O cristianismo enfatiza a transcendência majestosa de Deus, o abismo entre criatura e Criador. Deus é imanente ao mundo como seu criador e sustentador, não por ser identificado com ele. O liberalismo, por outro lado, muitas vezes perde de vista essa transcendência, diluindo a divindade de Deus e enfatizando um conceito de Deus como um "Pai" que se adapta às ideias humanas. O liberalismo tende a substituir a revelação especial de Deus por experiências e emoções particulares.
  • Homem: O cristianismo começa com a consciência do pecado. A Bíblia expõe o abismo que separa o homem de Deus por causa do pecado, e a necessidade de um Salvador. O liberalismo, no entanto, tende a minimizar ou ignorar a realidade do pecado, vendo-o como uma imperfeição ou um obstáculo superável pelo esforço humano.
  • Cristo: Para o cristianismo, Jesus é o Salvador, o objeto da fé, que se sacrificou pelos pecados da humanidade. A expiação vicária de Cristo na cruz é central. O liberalismo, por sua vez, vê Jesus como um exemplo moral, um guia, e não como o objeto da fé. A morte de Cristo é vista como um exemplo de autossacrifício a ser imitado, ou como uma demonstração do amor de Deus. A ênfase é na vida de Jesus, e não em sua morte redentora. A singularidade de Jesus, incluindo sua ausência de pecado, é frequentemente negada pelo liberalismo.
  • Salvação: A salvação cristã é um ato de Deus, um dom gratuito recebido pela fé em Cristo. O homem não pode se salvar por seus próprios esforços. O liberalismo, em contraste, tende a ver a salvação como algo alcançado através do esforço humano, pela obediência aos ensinamentos de Cristo ou pela busca de uma vida moral. A fé, para o liberalismo, é vista como "fazer de Cristo o mestre na vida", um tipo de legalismo disfarçado.

As consequências do liberalismo teológico são:


Em essência, o liberalismo teológico, ao substituir os fundamentos do cristianismo por conceitos e valores humanos, cria uma religião totalmente diferente. A fé na humanidade substitui a fé em Deus; a moralidade pessoal e social toma o lugar do socorro divino; e a mensagem centrada na cruz, na expiação e na ressurreição de Cristo é trocada por uma religião de sentimentos, experiências e aspirações humanas. O cristianismo é baseado em um evento histórico, a obra de Deus em Cristo, enquanto o liberalismo se baseia nas emoções variáveis dos homens.


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