A necessidade de negar a si mesmo é um tema fundamental quando se discute o discipulado. O ser humano é advertido a não buscar em si próprio a sabedoria e a força, mas sim em Deus, reconhecendo sua dependência e submissão ao Senhor. Jesus, em seu chamado ao discipulado, afirma: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24). A disposição de abandonar tudo por amor a Ele é vista como sinal de um coração verdadeiramente convertido, pronto a seguir o Mestre sem reservas.
Essa renúncia, porém, não se configura como um sacrifício sem propósito. A promessa de um tesouro eterno nos céus, constantemente evocada nas Escrituras, serve como âncora da esperança do cristão em meio às adversidades. Jesus consola seus discípulos, afirmando: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam, nem roubam" (Mateus 6:19-20). Essa promessa de eternidade, um tesouro reservado nos céus para aqueles que perseverarem na fé, é a força motriz que impulsiona o discípulo em sua caminhada. Jesus assegura: "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos tiver preparado lugar, voltarei e vos tomarei para mim, para que, onde eu estou, estejais vós também" (João 14:2-3).
A busca pela comunhão com Deus, a alegria em Seus ensinamentos e a certeza da vida eterna são tesouros incomparáveis, que transcendem qualquer bem material ou prazer passageiro. O apóstolo Paulo, experienciando as riquezas da vida em Cristo, declara: "Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Filipenses 3:7-8).
Ser discípulo de Cristo não se limita à mera aceitação de um conjunto de doutrinas. É uma transformação radical da vida, moldada pelos ensinamentos do Mestre. A obediência aos mandamentos divinos, a busca pela santidade e o amor ao próximo são elementos indissociáveis dessa jornada. O próprio Jesus resume o mandamento principal: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:37-39).
O discipulado cristão é um caminho de constante aprendizado e aperfeiçoamento, tendo Cristo como modelo e meta. É um convite a reconhecer as próprias falhas, arrepender-se dos pecados e confiar na graça de Deus para promover a transformação. O apóstolo Paulo nos encoraja a essa busca incessante: "Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3:14).
Em síntese, o discipulado cristão, embora exija renúncia, oferece como recompensa a promessa de uma vida plena e eterna em comunhão com Deus. A autonegação, a obediência aos mandamentos divinos, a busca pela santidade e a esperança na vida eterna são pilares que sustentam essa caminhada da fé. É um chamado à transformação, tendo Cristo como modelo e a glória de Deus como objetivo final, como exorta o apóstolo Paulo: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens" (Colossenses 3:23).
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