27 novembro 2024

O Discipulado Cristão como Caminho de Renúncia e Promessa de Eternidade

O discipulado cristão é um chamado à entrega total a Cristo, demandando compromisso incondicional, abnegação e o primado do amor a Deus sobre todas as coisas. Esse amor se manifesta na obediência aos mandamentos divinos, como nos ensina Jesus: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (João 14:15). A busca pela santidade, refletida no desejo de viver em conformidade com a vontade de Deus, também é inerente ao discipulado, como exorta o apóstolo Pedro: "Como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento" (1 Pedro 1:15).

A necessidade de negar a si mesmo é um tema fundamental quando se discute o discipulado. O ser humano é advertido a não buscar em si próprio a sabedoria e a força, mas sim em Deus, reconhecendo sua dependência e submissão ao Senhor. Jesus, em seu chamado ao discipulado, afirma: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mateus 16:24). A disposição de abandonar tudo por amor a Ele é vista como sinal de um coração verdadeiramente convertido, pronto a seguir o Mestre sem reservas.

Essa renúncia, porém, não se configura como um sacrifício sem propósito. A promessa de um tesouro eterno nos céus, constantemente evocada nas Escrituras, serve como âncora da esperança do cristão em meio às adversidades. Jesus consola seus discípulos, afirmando: "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam, nem roubam" (Mateus 6:19-20). Essa promessa de eternidade, um tesouro reservado nos céus para aqueles que perseverarem na fé, é a força motriz que impulsiona o discípulo em sua caminhada. Jesus assegura: "Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos tiver preparado lugar, voltarei e vos tomarei para mim, para que, onde eu estou, estejais vós também" (João 14:2-3).

A busca pela comunhão com Deus, a alegria em Seus ensinamentos e a certeza da vida eterna são tesouros incomparáveis, que transcendem qualquer bem material ou prazer passageiro. O apóstolo Paulo, experienciando as riquezas da vida em Cristo, declara: "Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Filipenses 3:7-8).

Ser discípulo de Cristo não se limita à mera aceitação de um conjunto de doutrinas. É uma transformação radical da vida, moldada pelos ensinamentos do Mestre. A obediência aos mandamentos divinos, a busca pela santidade e o amor ao próximo são elementos indissociáveis dessa jornada. O próprio Jesus resume o mandamento principal: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:37-39).

O discipulado cristão é um caminho de constante aprendizado e aperfeiçoamento, tendo Cristo como modelo e meta. É um convite a reconhecer as próprias falhas, arrepender-se dos pecados e confiar na graça de Deus para promover a transformação. O apóstolo Paulo nos encoraja a essa busca incessante: "Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3:14).

Em síntese, o discipulado cristão, embora exija renúncia, oferece como recompensa a promessa de uma vida plena e eterna em comunhão com Deus. A autonegação, a obediência aos mandamentos divinos, a busca pela santidade e a esperança na vida eterna são pilares que sustentam essa caminhada da fé. É um chamado à transformação, tendo Cristo como modelo e a glória de Deus como objetivo final, como exorta o apóstolo Paulo: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens" (Colossenses 3:23).


20 novembro 2024

Dificuldades e soluções na prática da Fé Cristã

Há uma infinidade de desafios que os cristãos contemporâneos enfrentam ao viver sua fé em um mundo complexo e em constante mudança. Neste artigo, vamos tentar explorar essas dificuldades com profundidade, oferecendo uma perspectiva bíblica e teológica para a compreensão e superação desses obstáculos.

A tarefa de conciliar os ensinamentos bíblicos, escritos em contextos históricos e culturais distintos, com a realidade do século XXI é um dos desafios mais urgentes. A rápida transformação social, os avanços científicos e o questionamento constante de valores tradicionais colocam os cristãos em uma posição delicada, exigindo discernimento e sabedoria para navegar por essas complexidades sem comprometer a integridade de sua fé.

Há também as dificuldades internas que os cristãos enfrentam, como a luta contra o pecado, a persistência de dúvidas e o sofrimento inerente à condição humana. A natureza pecaminosa, mesmo após a conversão, torna a obediência a Deus um desafio constante. Dúvidas sobre a veracidade de experiências espirituais, a interpretação de passagens bíblicas complexas e a aparente ineficácia da oração em certos momentos também podem abalar a fé do cristão. O sofrimento, seja por doença, perseguição ou crises pessoais, levanta questões sobre a bondade e o cuidado de Deus, levando alguns a questionar sua fé.

A proliferação de falsos ensinamentos, seitas e distorções da mensagem cristã também representa um obstáculo significativo. A teologia da prosperidade, com sua ênfase em riqueza material como sinal de bênção divina, e a proliferação de práticas supersticiosas sem base bíblica, como a "quebra de maldições", são exemplos de desvios que seduzem muitos, levando-os para longe da verdadeira fé.

A diversidade de denominações e igrejas, com suas diferentes interpretações da Bíblia e práticas distintas, também gera dificuldades para os cristãos. A busca pela unidade (ecumenismo) esbarra em desafios teológicos e práticos, especialmente na definição de uma base comum para a comunhão autêntica. O movimento dos "desigrejados", que rejeitam não somente a comunhão mas a estrutura institucional da igreja, também representa um desafio à visão tradicional de comunidade cristã.

Também precisamos considerar a necessidade de integrar a fé com a razão, a ciência e a cultura, que permanece como uma tarefa complexa para os cristãos. A teoria da evolução, por exemplo, coloca em dúvida a narrativa bíblica da criação, gerando tensões entre a fé e o conhecimento científico. A interação com diferentes culturas e sistemas de valores exige dos cristãos discernimento para preservar a integridade de sua fé sem se fechar ao diálogo e à compreensão do outro.

As dificuldades na prática da fé cristã são, portanto, multifacetadas e estão por toda parte e afetam diferentes áreas da vida, demandando dos cristãos uma fé resiliente, um conhecimento sólido das Escrituras e um compromisso inabalável com a verdade de Deus. 

E qual a solução?

Não podemos oferecer uma solução única e abrangente para as dificuldades na prática da fé cristã, mas, sim, um conjunto de princípios, orientações e atitudes que podem auxiliar os cristãos a navegar por esses desafios.

1. A importância do estudo aprofundado da Bíblia. O conhecimento profundo das Escrituras é fundamental para a base da fé e da prática cristã. O estudo constante da Bíblia permite aos cristãos compreenderem melhor o contexto histórico e cultural dos textos sagrados, evitando distorções ou interpretações equivocadas. Além disso, esse estudo oferece respostas para questões complexas e desafiadoras, orientando os fiéis a discernir a vontade de Deus para suas vidas, tomar decisões sábias e alinhar suas ações aos princípios divinos.

2. O valor da oração como comunicação com Deus. A oração é um canal indispensável de conexão entre o cristão e Deus. Por meio dela, os fiéis apresentam suas necessidades, ansiedades e dúvidas, encontrando consolo e direção. A prática da oração também é um momento de gratidão, no qual se reconhece a soberania divina e as bênçãos recebidas. Assim, a oração fortalece a fé, aprofunda a intimidade com Deus e ensina os cristãos a confiar em Sua providência e descansar em Suas promessas.

3. A resiliência diante do sofrimento como marca da fé. O sofrimento é parte inevitável da caminhada cristã, mas também uma oportunidade de crescimento espiritual. Enfrentá-lo com resiliência permite aos cristãos dependerem mais profundamente de Deus e confiarem em Seus propósitos, mesmo em meio à dor. A Palavra de Deus e a comunhão com outros cristãos oferecem força e encorajamento, ajudando os fiéis a perseverarem na fé enquanto mantêm o foco na esperança da vida eterna e na vitória final em Cristo.

4. A luta contra o pecado e o relativismo cultural. A batalha contra o pecado é constante na vida cristã, exigindo o reconhecimento da necessidade de arrependimento e transformação interior, operada pelo Espírito Santo. Permanecer fiel aos princípios bíblicos é essencial, especialmente em um mundo onde o relativismo cultural busca diluir a verdade absoluta da Palavra de Deus. Os cristãos são chamados a buscar a santificação em todas as áreas da vida, obedecendo aos mandamentos de Deus e cultivando virtudes cristãs.

5. O discernimento em meio a falsos ensinamentos. Diante da disseminação de falsas doutrinas e práticas supersticiosas, os cristãos devem estar preparados para discernir a verdade. Isso requer um conhecimento sólido das Escrituras, que permita identificar e refutar ensinamentos que se desviem da revelação divina. Além disso, é necessário buscar a orientação do Espírito Santo para distinguir entre a verdadeira fé e os enganos, bem como participar de comunidades cristãs comprometidas com a pregação da sã doutrina.

6. A busca pela unidade na diversidade da igreja. A diversidade de denominações e interpretações bíblicas não deve ser motivo de divisão entre os cristãos. Há aqueles que têm a tendência de elevar um ensino doutrinário a um patamar tão elevado que qualquer um que discorde é taxado de réprobo, descrente e destinado ao inferno. No entanto, será essencial priorizar os fundamentos da fé cristã, como a Trindade, a divindade de Cristo, a salvação pela graça e a autoridade das Escrituras (essas doutrinas são essenciais a fé cristã e são inegociáveis!), enquanto se promove o amor e o respeito em questões secundárias tais como a forma de se batizar, a forma de governar a igreja ou como se dará a volta de Cristo. A unidade entre os cristãos fortalece o testemunho do Evangelho e contribui para a expansão do Reino de Deus.

7. A integração entre fé, razão, ciência e cultura. A fé cristã não está em oposição à razão, à ciência ou à cultura. Pelo contrário, ela busca dialogar de forma construtiva e crítica com essas áreas, contribuindo para uma compreensão mais ampla do mundo. Os cristãos são encorajados a estudar as descobertas científicas, participar dos debates culturais e apresentar sua fé de maneira racional e relevante. Ao fazer isso, tornam-se agentes de transformação, levando os princípios do Evangelho às diversas esferas da sociedade e promovendo justiça, paz e o bem comum.

As soluções propostas acima não são fórmulas mágicas ou respostas fáceis para problemas complexos. São, antes, um convite a uma vida de constante aprendizado, busca por Deus, compromisso com a verdade e ação transformadora no mundo. A jornada cristã é desafiadora, mas, através da graça de Deus e da obediência à Sua Palavra, os cristãos podem superar as dificuldades e viver uma vida plena de significado e propósito.


15 novembro 2024

A Subscrição Confessional aos Padrões de Westminster

A subscrição confessional representa a adesão formal e consciente a um conjunto específico de doutrinas e crenças baseadas nas Escrituras Sagradas, geralmente expressas em credos e confissões, como os Padrões de Westminster (Confissão de Fé e seus catecismos Maior e Breve). Essa adesão vai além do simples acordo intelectual, implicando um compromisso pessoal com a verdade revelada na Palavra de Deus e com a comunidade que a confessa. 

A aceitação aos símbolos de fé parte do pressuposto de que a fé cristã não é uma construção individual, mas sim um corpo de doutrinas revelado por Deus nas Escrituras. A subscrição a um credo ou confissão significa concordar com a interpretação da Escritura expressa naquele documento, reconhecendo a autoridade da igreja na definição da fé. A igreja, guiada pelo Espírito Santo, tem a responsabilidade de interpretar e transmitir a fé cristã de forma fiel. A subscrição confessional, nesse contexto, significa reconhecer essa autoridade e submeter-se ao ensino da igreja.

A subscrição confessional implica um compromisso de ensinar e viver de acordo com as doutrinas professadas nas Escrituras Sagradas, tanto na vida pessoal quanto no ministério. Pastores e líderes que subscrevem a um credo ou confissão assumem a responsabilidade de transmitir a fé de forma íntegra às próximas gerações.

Filosofias que Levam à Rejeição da Confessionalidade

É importante reconhecer que existem objeções à ideia de se subscrever a credos e confissões. Podemos inferir algumas correntes "filosóficas" dentro das igrejas que podem contribuir para a rejeição da confessionalidade:

● Individualismo: A ênfase na experiência pessoal e na liberdade individual pode levar à desvalorização da tradição e da autoridade da igreja na interpretação das Escrituras. Dentro das igrejas é comum se aceitar o movimento "nenhum Credo senão Cristo", que defende a primazia da experiência individual sobre qualquer credo formal. Essa visão pode levar a uma "privatização das convicções", onde cada indivíduo se sente no direito de interpretar as Escrituras à sua maneira, sem se submeter a qualquer autoridade externa.

● Relativismo: A crença de que não existem verdades absolutas e que a verdade é relativa a cada indivíduo ou cultura pode minar a importância de credos e confissões como expressões de verdades objetivas. Se a verdade é relativa, a necessidade de definir e defender um conjunto específico de doutrinas se torna questionável.

● Pragmatismo: A ênfase na utilidade prática e nos resultados imediatos pode levar à rejeição de credos e confissões, que podem ser vistos como teóricos e irrelevantes para a vida cristã. A busca por métodos "inovadores" de evangelização e crescimento da igreja pode levar à negligência da doutrina e da tradição em favor de estratégias que prometem resultados rápidos e visíveis.

● Anti-intelectualismo: A desconfiança da razão e da teologia sistemática pode levar à rejeição de credos e confissões como expressões de um cristianismo intelectualizado e distante da experiência do crente comum. Os púlpitos das igrejas estão fazendo uso de "slogans vagos" em detrimento de uma compreensão precisa das Escrituras. Essa tendência sugere uma preferência por mensagens simples e emocionais em detrimento do estudo aprofundado da doutrina.

A Confessionalidade como Ordenança Bíblica

Aderir a um conjunto de doutrinas expressas em credos e confissões, implica uma convicção profunda e um compromisso com essas mesmas doutrinas. Destacamos que a confessionalidade é, antes de tudo, uma ordenança bíblica, enraizada na própria natureza da fé cristã.

Quero chamar a atenção para o texto de Efésios 4:14 que diz: "Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente". Paulo fala sobre a importância de amadurecer na fé e ser bem fundamentado na verdade do Evangelho. Ele usa a metáfora de "vento de doutrina" para descrever falsas crenças ou ensinamentos que podem desviar os cristãos do caminho de Deus. Esses "ventos" são apresentados como estratégias astutas e enganosas que confundem e enfraquecem aqueles que não têm raízes firmes na Palavra de Deus.

Embora a expressão "vento de doutrina" seja específica de Efésios 4:14, outros versículos abordam temas similares, alertando contra falsos ensinamentos e instabilidade espiritual. Colossenses 2:8 alerta para termos "...cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo". Este versículo alerta contra doutrinas baseadas em tradições humanas e filosofias contrárias à verdade de Cristo. 2 Timóteo 4:3-4 fala de um período de tempo "... em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo coceira nos ouvidos, amontoarão para si mestres conforme as suas próprias cobiças; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas". Aqui, Paulo prevê que as pessoas buscarão ensinamentos que satisfaçam seus desejos, rejeitando a verdade bíblica.

A Confessionalidade como Elo da Unidade na Igreja

A confessionalidade desempenha um papel crucial na promoção da unidade da Igreja. Podemos argumentar que a confissão da mesma fé, expressa em documentos como os Padrões de Westminster, serve como um eficiente elo que une os cristãos em diferentes tempos e lugares.

1. Padrão Comum de Fé

Unindo a Igreja Através dos Tempos: A confessionalidade conecta a igreja do presente com a igreja do passado, estabelecendo um fio condutor de fé que atravessa gerações. A subscrição a um credo histórico, como os Padrões de Westminster, significa unir-se à longa linhagem de cristãos que confessaram a mesma fé ao longo dos séculos. Essa conexão com a tradição da igreja oferece um senso de identidade e pertencimento, fortalecendo a unidade do corpo de Cristo.

Base para o Diálogo e a Comunhão: os credos e confissões reformados fornecem um vocabulário comum e um conjunto claro de doutrinas, facilitando o diálogo e a comunhão entre cristãos de diferentes origens e contextos. Em um mundo marcado por diferentes interpretações da Bíblia, os credos e confissões servem como um ponto de referência objetivo para o diálogo teológico. Ao concordarem com um padrão comum de fé, os cristãos podem se concentrar nas áreas de convergência, promovendo a compreensão mútua e o respeito, mesmo em meio a divergências.

2. Prevenção da Fragmentação Doutrinária

● Proteção Contra Erros e Heresias: A confessionalidade serve como um "muro de proteção" contra a proliferação de erros e heresias, preservando a pureza da fé cristã. Os credos e confissões definem os limites da ortodoxia, identificando e rejeitando ensinos que se desviam da verdade bíblica. Essa função de delimitação doutrinária é crucial para a unidade da igreja, pois impede a fragmentação causada pela disseminação de falsas doutrinas.

● Combate à Subjetividade e ao Individualismo: A confessionalidade se opõe à tendência individualista de interpretar a Bíblia de forma isolada e subjetiva, promovendo uma compreensão da fé baseada na tradição e na autoridade da igreja. Ao invés de cada um criar sua própria versão do cristianismo, a confessionalidade convida os cristãos a se submeterem a um padrão de fé estabelecido pela igreja, guiada pelo Espírito Santo. Essa submissão voluntária à autoridade da igreja na interpretação da Bíblia é essencial para a unidade da fé e a integridade doutrinária.

3. Clareza e Coerência do Ensino

● Base para a Pregação e o Ensino: A confessionalidade fornece uma base sólida para a pregação e o ensino da Palavra de Deus, garantindo a fidelidade ao ensino bíblico e a coerência doutrinária. Pastores e líderes que subscrevem a um credo ou confissão se comprometem a ensinar de acordo com os princípios estabelecidos nesses documentos, evitando distorções ou modismos teológicos.

● Formação de Cristãos Maduros: A confessionalidade contribui para a formação de cristãos maduros, que conhecem e compreendem a fé cristã de forma profunda e sistemática. Credos e confissões, como os Padrões de Westminster, oferecem um guia para o estudo da Bíblia, ajudando o cristão a conectar as diferentes doutrinas e a formar uma visão abrangente da fé. Essa compreensão aprofundada da fé é essencial para resistir às falsas doutrinas, discernir a vontade de Deus e viver uma vida cristã autêntica.

A confessionalidade, quando fundamentada na Escritura e guiada pelo Espírito Santo, é um instrumento essencial para a saúde, crescimento e unidade da Igreja. Ao fornecer um padrão comum de fé, proteger contra a fragmentação doutrinária e promover a clareza e coerência do ensino, a confessionalidade contribui para a edificação de um corpo unido em Cristo, testemunhando a verdade do Evangelho ao mundo.

Benefícios da Leitura dos Padrões de Westminster

A leitura dos Símbolos de Fé de Westminster oferece uma série de benefícios para o cristão, enriquecendo a sua compreensão espiritual, obediência e experiência. Como um conjunto de documentos confessionais, eles oferecem uma rica fonte de instrução e orientação para o cristão.

1. Aperfeiçoamento devocional

● O conhecimento preciso de Deus e da Sua obra, apresentado nos Padrões, aprimora as devoções e leva a melhores respostas de louvor e adoração.
● As doutrinas dos Padrões, por serem as doutrinas da Escritura, nutrem a devoção com a plenitude da verdade.
● A linguagem utilizada nos Padrões é rica em significado espiritual e desperta emoções religiosas, guiando para uma vida devocional profunda.

2. Compreensão bíblica profunda

● Os Padrões de Westminster são declarações fiéis do ensino bíblico, baseadas em princípios e ensinamentos extraídos de toda a Escritura, e não apenas de textos isolados.
● As provas bíblicas presentes nos Padrões convidam à reflexão cuidadosa sobre como os textos se relacionam com o assunto em questão e como devem ser entendidos.
● A leitura dos Padrões ajuda a pensar biblicamente, fornecendo uma estrutura sólida e declarações biblicamente corretas.

3. Clareza e precisão doutrinária

● Os Padrões combatem a superficialidade do cristianismo popular, que se contenta com slogans vagos em vez de uma compreensão precisa das Escrituras.
● As declarações dos Padrões são precisas e equilibradas, destacando a essência do Evangelho e separando-a de qualquer resquício de erro humano.
● A Assembleia de Westminster, por se beneficiar de séculos de reflexão sobre as Escrituras, formulou o ensino bíblico com clareza, precisão e riqueza.

4. Abordagem prática e detalhada

● Os Padrões apresentam um guia para a vida cristã, delineando as crenças que devem fundamentar a conduta prática do cristão.
● A explicação e aplicação detalhada dos Dez Mandamentos, encontrada no Catecismo Maior, por exemplo, oferece um manual prático para a vida diária.
● A abordagem detalhada dos Padrões abrange áreas de controvérsia, oferecendo um tratamento abrangente dos ensinamentos da Bíblia e ajudando a compreender o que a Escritura realmente ensina.

5. Estrutura organizada e sistemática

● Os Padrões organizam as doutrinas bíblicas de forma sistemática, proporcionando clareza e ajuda a organizar as doutrinas bíblicas na mente, aprofundando a compreensão da fé.
● A estrutura lógica dos Catecismos, em particular, fornece um quadro completo de entendimento.
● A leitura dos Padrões ajuda a evitar uma compreensão nebulosa e fragmentada das doutrinas bíblicas.

6. Compartilhamento eficaz da fé

● Os Padrões, apesar de sua profundidade e precisão, são acessíveis a pessoas sem treinamento teológico, tornando a verdade concisa e fácil de compartilhar.
● A leitura dos Padrões facilita a explicação das crenças cristãs e fornece um contexto objetivo para testemunhar a verdade.
● Os Padrões são vitais para a transmissão da verdade para a próxima geração, garantindo que a fé seja passada de forma íntegra e fiel.

Conclusão

Os Padrões de Westminster oferecem uma base sólida para o crescimento espiritual do cristão, aprofundando seu conhecimento das Escrituras, aprimorando suas devoções, fortalecendo sua fé e equipando-o para viver e compartilhar a verdade de forma eficaz.

A subscrição confessional, como um ato de compromisso com a verdade revelada e com a comunidade que a confessa, desempenha um papel fundamental na unidade, na pureza doutrinária e na fidelidade da igreja. No contexto da Igreja Presbiteriana do Brasil, a subscrição aos Padrões de Westminster é um elemento essencial que define sua identidade, sua doutrina e sua missão.


13 novembro 2024

A Vocação Eficaz

Estudo proferido na Igreja Presbiteriana do Ibura, em Recife/PE. 

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER 
Capítulo X. Da Vocação Eficaz 


Na seção I do capítulo 10, temos o seguinte:

Seção I. Todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido chamar eficazmente pela sua Palavra e pelo seu Espírito, no tempo por ele determinado e aceito, tirando-os daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza para a graça e salvação, em Jesus Cristo. Isso ele faz iluminando o entendimento deles, espiritual e salvificamente, a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne, renovando as suas vontades e determinando-as, pela sua onipotência, para aquilo que é bom, e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça.

A Confissão de Fé de Westminster inicia este capítulo afirmando que a vocação eficaz é direcionada exclusivamente àqueles que Deus predestinou para a vida, ou seja, aos Seus eleitos (Romanos 8:30; Efésios 1:4,5). Essa convocação se manifesta no tempo preordenado por Deus, e se concretiza por meio da Sua Palavra e do Seu Espírito (2 Timóteo 1:9; Romanos 10:17; João 6:63). É crucial notar que a Confissão distingue a vocação externa, direcionada a todos que ouvem a pregação do evangelho, da vocação interna e eficaz, operada pelo Espírito Santo e direcionada somente aos eleitos (Mateus 22:14; Atos 16:14). No entanto, o chamado interno só ocorre por causa do chamado externo (Romanos 10:14,15).

O texto da Confissão prossegue descrevendo o processo da vocação eficaz afirmando que Deus, através do Seu Espírito, atua nos corações dos eleitos, iluminando seus entendimentos para que compreendam as coisas de Deus para a salvação (1 Coríntios 2:12; Efésios 1:17,18). Essa iluminação espiritual é essencial, pois o homem, em seu estado natural, é espiritualmente cego e incapaz de discernir as verdades espirituais (João 6:44; 2 Coríntios 4:3,4). A Escritura confirma essa necessidade da ação divina para a compreensão das coisas espirituais: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2:14).

Deus também opera uma transformação profunda no coração do eleito, removendo o coração de pedra, insensível à Sua lei e ao Seu amor, e concedendo um coração de carne, capaz de amar e obedecer a Deus (Jeremias 31:33; 2 Coríntios 5:17). A Confissão usa a linguagem de Ezequiel 36:26,27 para descrever essa transformação: "Dar-vos-ei coração novo, e porei dentro de vós espírito novo". Essa mudança radical é comparada nas Escrituras a um novo nascimento (João 3:3-6) e a uma nova criação (Efésios 2:10), ilustrando a profundidade e a abrangência da obra de Deus na vida do eleito.

A partir dessa nova disposição do coração, o eleito é capacitado a responder ao chamado de Deus (Efésios 2:4,5). Sua vontade, antes escravizada pelo pecado, é renovada e direcionada para o bem pela onipotência divina (Romanos 6:17,18; Romanos 8:2). Deus o atrai eficazmente a Cristo, de forma que ele vem livre e espontaneamente, movido pela graça que lhe foi concedida (João 6:37,44; Salmos 110:3). A Confissão enfatiza que essa resposta, embora livre e espontânea, só é possível pela graça operante de Deus, conforme expresso em Filipenses 2:13: "Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade."

Podemos tirar algumas conclusões:

1. O papel da pregação do Evangelho. Vemos a importância da pregação do Evangelho na Vocação Eficaz. Deus ordenou que a Igreja pregasse o Evangelho a todos, pois "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). Deus, em Sua soberania, usa a pregação para que os eleitos ouçam o Seu chamado. A pregação é o instrumento usado pelo Espírito Santo para efetuar a regeneração. No entanto, uma mesma pregação pode operar, pelo Espírito Santo, o chamado eficaz em alguns dos ouvintes, enquanto outros permanecem com seus corações insensíveis (Atos 13:48; Romanos 9:18). Paulo falando aos coríntios mostra como o mesmo evangelho pode ter efeitos diferentes, dependendo da ação soberana de Deus. Para os crentes, “cheiro de vida para a vida”; já para os incrédulos, “cheiro de morte para a morte” (2 Coríntios 2:15,16).

2. A Soberania de Deus na Salvação. A vocação eficaz é uma obra sobrenatural de Deus, pela qual Ele chama eficazmente os Seus eleitos à salvação. Essa obra se baseia em Sua livre e soberana graça, e não em qualquer mérito ou previsão do homem. Romanos 9:16 declara: "Logo, não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que usa de misericórdia". Deus é o único agente dessa obra, operando por meio do Seu Espírito e da Sua Palavra.

3. A Passividade Humana na Regeneração. O homem, em seu estado natural, é totalmente passivo na vocação eficaz, sendo incapaz de contribuir para sua própria salvação. É somente após ser vivificado e renovado pelo Espírito Santo que ele se torna capaz de responder ao chamado e abraçar a graça oferecida. Essa doutrina, embora possa ser questionada por alguns, encontra respaldo nas Escrituras, que afirmam a depravação total do homem e a sua incapacidade de buscar a Deus por si mesmo. Efésios 2:1-5 descreve o estado de morte espiritual do homem antes de ser vivificado por Cristo, e Romanos 3:10-12 declara que "não há justo, nem um sequer".

4. A Transformação Radical do Eleito. A vocação eficaz resulta em uma mudança completa na vida do eleito, afetando seu intelecto, suas emoções e sua vontade. Ele passa a ter uma nova compreensão das coisas de Deus, um novo amor por Ele e um novo desejo de obedecer à Sua vontade. Essa transformação não se limita a uma mudança superficial de comportamento, mas é uma mudança radical de natureza, operada pelo poder do Espírito Santo. O eleito, antes escravo do pecado, se torna um servo de Deus, livre para amar e obedecer ao seu Senhor. A Confissão de Fé de Westminster apresenta a doutrina da vocação eficaz como uma doutrina essencial da fé cristã, fundamentada nas Escrituras Sagradas e crucial para a compreensão da obra salvífica de Deus na vida do homem.

11 novembro 2024

Confessionalismo e uma Igreja Florescente

Algumas pessoas estão inclinadas a pensar que o confessionalismo tem um efeito sufocante na igreja. Elas presumem que a adesão a credos e confissões baseados na Bíblia inibe a vitalidade ou a liberdade. Para elas, a igreja tem mais a ver com relacionamento e desconfiam de coisas mais formais e menos subjetivas. Outras, querem ser tão flexíveis e inclusivas quanto possível, para atrair a outros, e minimizam a doutrina. Esses preconceitos sobre o confessionalismo são válidos? Eles são consistentes com as Escrituras? É notável, de fato, a frequência com que o crescimento da fé está ligado ao crescimento pessoal e coletivo dos crentes nas Escrituras.

Adotar e usar uma confissão de fé bíblica não garante que a vida de uma congregação específica seja tão saudável quanto deveria ser. Será, no entanto, para proteger contra certas doenças espirituais que vêm do falso ensino. Em Efésios 4, o apóstolo Paulo nos diz que a igreja deve florescer por meio da verdade. Ela é destinada a ser edificada no amor, quando falamos a verdade em amor (Efésios 4:13 e 15). Devemos todos chegar “à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. Mas isso não pode acontecer se formos como meninos, “levados em roda por todo o vento de doutrina”. Ao “falar a verdade em amor” a igreja deve crescer “em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:14-15).

Quanto menos a verdade da Bíblia confessamos, menos vitalidade temos. Os cristãos devem resistir ao erro e manter a verdade e assim andar em Cristo, sendo arraigados, edificados e estabelecidos na fé (Colossenses 2:6-7). A Bíblia não é minimalista no modo como declara a verdade e nem nós deveríamos ser. Uma confissão completa de fé convida os cristãos a explorar e valorizar o panorama da verdade de Deus e tornarem-se maduros em seu entendimento. Uma confissão ajuda a igreja a cumprir sua comissão de fazer discípulos espiritualmente maduros (Mateus 28:20).

A Importância das Confissões

Deus nos deu a Sua Palavra para que tenhamos a informação que Ele quer que saibamos. Uma confissão de fé é colocarmos em nossas próprias palavras o que entendemos que Deus está dizendo em Sua Palavra. Algumas pessoas dizem que não têm credo, a não ser a Bíblia. Mas elas ainda têm sua própria interpretação do que a Bíblia ensina. Elas acreditam ou não acreditam na Trindade, por exemplo, ou na justificação somente pela fé. Elas simplesmente não escreveram suas crenças de forma sistemática. Elas têm um credo, só que não é um que está publicamente disponível.

Enquanto isso, todos os tipos de hereges podem citar a Bíblia. Então, se nos restringimos a usar apenas as palavras da Escritura, isso seria uma maneira inadequada de declarar a verdade. Quando alguém cita a Escritura, é sempre legítimo perguntar: “O que você quer dizer com isso?” Dizer: “Eu só acredito na Bíblia” não tem sentido, a menos que isso seja definido mais adiante. Quando uma igreja anota seu entendimento do que a Bíblia ensina, ela permite que qualquer um veja em que ela acredita, e também ajuda a igreja a alcançar clareza em sua missão de dizer ao mundo o que a Palavra de Deus diz. É por isso que Judas nos exorta a “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 3). Paulo encarregou Timóteo de manter firme o “modelo das sãs palavras” e de guardar “o bom depósito” (2 Timóteo 1:13-14).

Anthony Tuckney (1599-1670) desempenhou um papel fundamental na formação da Confissão de Fé de Westminster. Ele usa essas palavras de 2 Timóteo 1:13 para explicar o valor das confissões. Ele define confissões como uma forma de estabelecer a verdade de Deus de uma maneira ordenada. Elas reúnem as verdades que estão espalhadas por toda a Escritura. Ele então explica alguns dos benefícios de uma confissão.

Confissões nos Ajudam a Crescer na Verdade

Modelos de sãs palavras têm sido usados como declarações, não apenas daquilo em que nós mesmos acreditamos, mas também daquilo que pensamos ser o que todos deveriam crer. Também desejamos e exigimos que todos aqueles com quem nos unimos na comunhão mais próxima da igreja devem professá-las ou pelo menos não contradizê-las abertamente. Foi assim com os apóstolos no que eles decidiram em Atos 15, e é com as igrejas e suas confissões até hoje; e assim poderá ser sempre. Quando surgem controvérsias, elas podem ser melhor compreendidas e resolvidas com a ajuda de tais confissões. Elas também podem ser um bom depósito (2 Timóteo 1:14) a ser dado à posteridade, como legados ou heranças da fé de seus antepassados.

Confissões nos Ajudam a Crescer em União

As confissões não são apenas emblemas de nossa comunhão na igreja cristã, mas também são de grande ajuda e podem favorecê-la. Por este meio, as divisões problemáticas podem ser evitadas e a paz da igreja melhor preservada. Este é um benefício quando todos professamos a mesma verdade, e todos dizemos “a mesma coisa” e somos “unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10).

Confissões nos Ajudam a Crescer em Paz

O fracasso em se manter mais próximo de tais “modelos de sãs palavras” permitiu a cada um falar e escrever as fantasias vãs de seu próprio coração e espalhar as mais terríveis heresias e blasfêmias com impunidade. Isso nos despedaçou e nos dividiu. Que o Senhor em misericórdia cure rapidamente esses cortes e rupturas. Um meio especial para curar isso é manter firme o modelo de sãs palavras (2 Timóteo 1:13).

Confissões nos Ajudam a Crescer em Força

Os apóstolos formularam suas decisões para ajudar aqueles que eram fracos (Atos 15:24) e uma confissão faz isso também. As verdades espalhadas por toda a Escritura estão reunidas em uma sinopse para que possamos ver com mais clareza. Onde há coisas mais obscuramente expressas, elas são mais familiarmente apresentadas àqueles de entendimento mais fraco.

Confissões nos Ajudam a Crescer em Discernimento

Confissões ajudam a descobrir e repelir sedutores e subversores das almas do povo de Deus (Atos 15:24). A mesma cerca que mantém o cervo evita a fera voraz. Elas são uma cerca para a vinha e portanto são de muito bom uso na igreja. Alguns venenos dificilmente podem ser detectados no início, mas como a boca toma sua comida, as ovelhas do pasto de Cristo discernem, por um instinto divino, que alimento é saudável e aquele que é diferente disso. Não são apenas aqueles que têm seus sentidos exercitados para discernir o bem e o mal, até mesmo o bebê recém-nascido tem esse paladar. Tão logo é feito participante da natureza divina, pode dizer quando o leite sincero da Palavra é adulterado (embora talvez não de que maneira). Um cristão piedoso (que tem um coração melhor do que a cabeça) já teve seu espírito se levantando contra algo que ele ouviu em um sermão, mas ele não podia dizer por quê. Depois foi-lhe mostrado que era uma doutrina muito corrupta.

Confissões nos Ajudam a Crescer em Saúde

Um modelo de sãs palavras é especialmente aquele pelo qual eles se recuperam e ganham saúde e força e assim prosperam. O bebê recém-nascido engorda e cresce pelo leite sincero da Palavra (1 Pedro 2:2). É um solo ruim aquele em que as plantas boas estão famintas ou doentes. É provável que seja uma dieta saudável se os homens (de outra forma bem e com saúde) não prosperam nela? Uma boa árvore (nosso Salvador nos diz) produz bons frutos e o mesmo pode ser dito da boa doutrina. Embora, pela corrupção dos corações dos homens, a boa doutrina nem sempre produza bons frutos em suas vidas, ainda que a má doutrina produza naturalmente o que é mau e abominável. Mas vamos continuamente estimar a comida espiritual saudável. O homem de Deus vive e prospera com isso e faz a vontade de Deus com alegria. Como Elias (que passou quarenta dias e quarenta noites na força do que ele comeu), o cristão continua na força desse alimento através do deserto deste mundo até chegar ao monte de Deus. Um coração sadio se deleita e prospera pela sã doutrina. Uma vez que o homem não vive só de pão, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus, não é suficiente que estas sãs palavras tenham a aprovação do homem. Elas devem ser não apenas palavras aceitáveis, mas baseadas no que Deus instituiu, elas devem ser palavras da verdade, palavras sábias dadas pelo único Pastor.

Conclusão

Assim, certifique-se de conservar o “modelo das sãs palavras” (2 Timóteo 1:13). Como Cristo disse à igreja de Tiatira: “mas o que tendes, retende-o até que eu venha” (Apocalipse 2:25). Certifique-se de permanecer firme, tome cuidado para que você não seja roubado dele, mas tenha certeza que você o tem. Em várias passagens (Apocalipse 6:9 e Tito 1:9), manter-se firme significa que mantemos a verdade tão firmemente contra toda oposição que nenhuma força do homem ou do diabo pode forçá-la a se apartar de nós, mas que a guardamos firme contra todos.

A verdade é o bom depósito do céu (2 Timóteo 1:14) a qual Deus nos confiou. Nossas almas são o depósito (2 Timóteo 1:12) com o qual confiamos em Deus. Devemos ser tão cuidadosos com a Sua promessa quanto desejamos que ela seja nossa. Certifique-se de que seremos chamados para isso, e quão solene será se formos como o descrito em 1 Reis 20:39-40.

Este é o legado que nos foi dado pelos nossos piedosos antepassados, não deveríamos igualmente ter o cuidado de transmiti-lo à nossa posteridade (Salmos 78:3-4)? Os mártires o selaram com seu sangue, seremos culpados disso por nossa infidelidade? Esta é a melhor parte da herança de nossos filhos, como foi a lei (Deuteronômio 33:4). Certifique-se de que nossos antepassados não se envergonhem de nós e de nossa posteridade na ressurreição por trairmos a verdade de Deus e nossa fé. Manter-se firme é a ordem para muitas das igrejas descritas em Apocalipse 2 e 3, tanto as melhores quanto as piores. Manter-nos firmes pode nos levar a disputas, mas se formos fiéis no conflito, podemos ter certeza da conquista.