ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Capítulo IX. Do Livre-Arbítrio
Seção III. O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso.
Este parágrafo da Confissão de Fé de Westminster aborda a doutrina do livre-arbítrio à luz da queda do homem. O texto declara, categoricamente, que a entrada do pecado no mundo resultou na perda total da capacidade humana de escolher o bem espiritual que conduz à salvação. Essa incapacidade é resultado direto da queda de Adão, cujas consequências se estendem a toda a sua posteridade, conforme Romanos 5:12: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”. Essa condição é ilustrada em Romanos 5:6; Romanos 8:7; e João 15:5. O homem natural, em seu estado decaído, é totalmente oposto ao bem espiritual.
A Natureza Caída e a Aversão ao Bem Espiritual
A Impossibilidade da Auto-Salvação
Efésios 2:2-5 descreve essa obra da graça: "Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos". A salvação é um dom gratuito de Deus, concedido àqueles que se encontram em um estado de morte espiritual, incapazes de contribuir com qualquer mérito próprio.
A Escravidão da Vontade
As Escrituras, em Gênesis 6:5; 8:21; 1 Coríntios 2:14; e Salmos 14 e 53, demonstram que os pensamentos e desejos do homem são continuamente maus. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura (1 Coríntios 2:14). Sua mente, obscurecida pelo pecado, é incapaz de discernir as verdades espirituais.
Raniere Menezes, em "O Livre-Arbítrio dos Incrédulos", afirma que, embora os incrédulos tenham liberdade de escolha, suas escolhas são limitadas por seus desejos pecaminosos, que são determinados por sua natureza não regenerada. Ele usa a analogia de que espinheiros não produzem uvas para ilustrar que a natureza pecaminosa não pode produzir bons frutos.
Walter J. Chantry, em "O Mito do Livre-Arbítrio", argumenta que a vontade humana, embora capaz de fazer escolhas, é escrava da natureza pecaminosa do homem e não é livre para escolher o bem espiritual. Ele afirma que a vontade humana não pode alcançar nada contrário à vontade de Deus. Ele argumenta que a fé em Jesus Cristo é um ato da vontade humana, mas que essa vontade precisa ser renovada pelo Espírito Santo para que o homem possa escolher Cristo.
A Necessidade da Graça Regeneradora
A Confissão de Fé de Westminster, ao afirmar a incapacidade humana para o bem espiritual, não nega a responsabilidade do homem por seus atos. A responsabilidade, no entanto, não se baseia na capacidade de escolher o bem, mas no fato de que Deus é o Criador e o homem, sua criatura. O homem é responsável por obedecer aos mandamentos de Deus, mesmo que sua natureza caída o impeça de fazê-lo.
A responsabilidade do homem significa duas coisas. É uma obrigação e uma prestação de contas. Todos são obrigados a fazer o que Deus requer. É o dever de todos amar a Deus de todo o coração e o vizinho como a si mesmo (Marcos 12:29-31). Ninguém pode ser escusado desta obrigação. Isto é o que Deus requer. A responsabilidade do homem é também a sua necessidade de prestar contas. Deus nos considera responsáveis por cumprir ou não nossa obrigação. Algum dia deveremos prestar contas de nós mesmos diante do Juiz do céu e da terra. Jesus diz: “ Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16:27). Deveremos prestar contas de todos nossos atos, porque somos responsáveis por todos eles.
Conclusão
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