ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Capítulo VIII. De Cristo, o Mediador
Na seção IV do capítulo 8, temos o seguinte:
Seção IV. Este ofício o Senhor Jesus empreendeu mui voluntariamente. Para que pudesse exercê-lo, foi feito sujeito à lei, que ele cumpriu perfeitamente; padeceu imediatamente em sua alma os mais cruéis tormentos e em seu corpo os mais penosos sofrimentos; foi crucificado e morreu; foi sepultado e ficou sob o poder da morte, mas não viu a corrupção; ao terceiro dia ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo com que tinha padecido; com esse corpo subiu ao céu, onde está sentado à destra do Pai, fazendo intercessão; de lá voltará no fim do mundo para julgar os homens e os anjos.A Confissão de Fé de Westminster, em sua seção sobre Cristo, o Mediador, afirma que "Este ofício o Senhor Jesus empreendeu mui voluntariamente". Essa declaração fundamental nos leva a examinar a disposição de Cristo em se humilhar e sofrer para cumprir a vontade do Pai e realizar a salvação da humanidade. Através de sua obediência perfeita à lei, seu sofrimento vicário e sua ressurreição triunfante, Cristo se torna o único Mediador entre Deus e os homens.
A Vontade e Submissão de Cristo
A Escritura é clara ao afirmar que Cristo, embora fosse Deus, assumiu voluntariamente o papel de Mediador. Essa escolha voluntária é central para a obra da redenção, pois demonstra o amor e a misericórdia de Deus para com a humanidade caída. Hebreus 2:12-17 destaca que Cristo, "igualmente, participou" da carne e sangue para se identificar com os filhos de Abraão e socorrê-los.
A Confissão de Fé de Westminster cita o Salmo 40:7,8 para ilustrar a disposição de Cristo: "Então, disse eu: Eis-me aqui (nos rolos do livro está escrito a meu respeito), para fazer a tua vontade, ó Deus meu, me é prazer". Essa passagem revela a profunda submissão de Cristo à vontade do Pai, encontrando satisfação em cumpri-la.
É importante notar que essa submissão não implica em inferioridade ou coação. A Bíblia afirma que Cristo tinha poder para entregar sua vida e poder para reavê-la, demonstrando sua soberania mesmo em meio à humilhação (João 10:17,18).
A Humilhação de Cristo: Obediência e Sofrimento
A Confissão de Fé de Westminster detalha a humilhação de Cristo em seu ofício de Mediador. Para cumprir a vontade do Pai, Cristo se submeteu à lei, "que ele cumpriu perfeitamente" (Mateus 3:15; 5:17). Essa obediência perfeita era necessária para que Cristo pudesse ser o sacrifício perfeito pelos pecados da humanidade.
Além da obediência à lei, Cristo também suportou "os mais cruéis tormentos... em sua alma" (Mateus 26:37,38; Lucas 2:24; Mateus 27:46). Essa angústia profunda revela a gravidade do pecado e o peso da ira de Deus que Cristo carregou em nosso lugar. Hebreus 4:14-16 nos assegura que, por ter sido tentado em todas as coisas como nós, Cristo pode se compadecer de nossas fraquezas e nos socorrer em nossas necessidades.
O sofrimento de Cristo culminou na cruz, onde experimentou o abandono do Pai e a plena medida da ira divina contra o pecado. Gálatas 3:13,14 afirma que Cristo "nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar". Dessa forma, Cristo se torna o bode expiatório que leva sobre si os pecados do povo, sendo expulso do arraial para que tenhamos acesso à presença de Deus.
A Glorificação de Cristo: Ressurreição, Ascensão e Intercessão
A humilhação de Cristo, porém, não foi o fim. As Escrituras profetizaram e testemunharam sua glorificação, que se inicia com a ressurreição dos mortos ao terceiro dia (1 Coríntios 15). A ressurreição é a prova irrefutável da vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, a validação do seu sacrifício expiatório e a garantia da nossa própria ressurreição.
Após sua ressurreição, Cristo ascendeu ao céu, onde está assentado à direita de Deus Pai. Essa exaltação demonstra a soberania e o senhorio de Cristo sobre toda a criação. Filipenses 2:9-11 declara que "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho".
A posição de Cristo à direita do Pai não é apenas de glória, mas também de intercessão. Hebreus 7:25 nos assegura que Cristo "vive sempre para interceder por nós". Como nosso Sumo Sacerdote, Cristo apresenta nossos pedidos a Deus Pai, garantindo que nossas orações sejam ouvidas e atendidas. João 17 registra a profunda intercessão de Cristo por seus discípulos, pedindo ao Pai que os guarde, os santifique e os una em amor.
A Segunda Vinda de Cristo: Julgamento e Consumação
A história da redenção, porém, não termina com a ascensão de Cristo. As Escrituras apontam para a sua segunda vinda, um evento futuro e glorioso. Atos 1:11 afirma que Cristo "virá do modo como o vistes subir". Essa segunda vinda marcará o fim da história como a conhecemos e inaugurará o novo céu e a nova terra.
A segunda vinda de Cristo será marcada por julgamento. Hebreus 9:27 declara que "está reservado aos homens morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo". Apocalipse 20:11-15 descreve o juízo final, no qual todos os povos serão julgados segundo suas obras.
A segunda vinda de Cristo também será a consumação do Reino de Deus, quando Cristo "entregará o reino a Deus, ao Pai" (1 Coríntios 15:24). Então, Deus reinará para sempre sobre um novo céu e uma nova terra, onde não haverá mais morte, tristeza, choro ou dor (Apocalipse 21:4).
Conclusão: A Centralidade de Cristo e a Urgência do Evangelho
A vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo são o centro da fé cristã. Sua obra como Mediador é o único caminho para a salvação e a reconciliação com Deus. Romanos 10:9 declara que "se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo".
Diante da certeza da segunda vinda de Cristo, somos chamados a viver em constante expectativa e prontidão. Mateus 24:44 nos adverte: “Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá”. Que possamos, então, viver cada dia à luz da graça de Deus revelada em Cristo, compartilhando o evangelho com ousadia e aguardando ansiosamente o retorno do nosso Rei.
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