Augustus Nicodemus Lopes
Nessa segunda*, 1 de maio, comemora-se o Dia do Trabalho. A data é mais um feriado nacional. Aproveitemos a ocasião para meditar sobre o conceito bíblico de trabalho.
A maioria dos cidadãos buscam ter as coisas da forma legal, isto é, trabalhando. Em contraste com os que procuram satisfazer seus desejos e necessidades através do furto, há os que trabalham honestamente para conseguir o que precisam. Os cristãos deveriam ser os primeiros a dar exemplo nessa área.
Foi Paulo quem orientou os cristão de Éfeso nesse sentido: “Aquele que roubava não roube mais; pelo contrário, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o necessitado” (Ef 4.28). Há três considerações a serem feitas aqui.
1) A preguiça e o roubo andam juntos
Note que, no texto, o oposto de roubar é trabalhar. Não basta ser honesto – precisamos trabalhar. Nem todo preguiçoso é ladrão, e nem todo ladrão é preguiçoso, mas, sem generalizar, é a preguiça de trabalhar que leva muitos ao roubo. Roubar sempre parece mais fácil do que trabalhar duro para conseguir as coisas.
Paulo deixa claro que o oposto de furtar é trabalhar “com as próprias mãos,” isto é, dar duro de maneira honesta. Que satisfação temos ao comer do fruto de nosso próprio trabalho honesto!
2) O trabalho é o caminho ordenado por Deus
Trabalhar é a forma que Deus determinou para você ter as coisas de maneira legal, sem furtar mais. Não o roubo, ou o furto, negócios ilícitos, mas o trabalho duro, com suas próprias mãos.
A primeira coisa que o Senhor fez após criar o homem foi colocar uma enxada na sua mão, por assim dizer: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15). E o castigo que lhe deu, após Adão ter comido do fruto proibido, foi “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3.19).
O quarto mandamento nos ensina, “seis dias trabalharás” (Êx 20.9). Vemos que desde cedo a vocação do homem é trabalhar. É dessa forma que Deus haveria de suprir suas necessidades e dos outros.
É para isto que você estuda, aprende uma profissão ou aprende uma arte, a negociar, a vender. É isso o que esposas e mães fazem quando se dedicam integralmente ao árduo trabalho de cuidar de sua família.
3) Trabalhe fazendo o que é bom
Nem todo tipo de trabalho se encaixa nessa ordem de Paulo, “trabalhe fazendo o que é bom”. Nem todo trabalho permite ao cristão fazer o que é bom. “Bom” aqui é o oposto de roubar. As mãos que roubavam agora devem trabalhar. Alguns trabalhos não podem ser considerados como “fazer o que é bom” se eles envolvem atividades ilícitas, promovem a imoralidade, a dissolução e a vida longe de Deus.
Muitos se justificam fazendo uma distinção entre a sua fé e o seu trabalho. Eles acham que a fé não tem qualquer relação com sua vida aqui no mundo. Todavia, Jesus Cristo é Senhor de todas as áreas de nossas vidas, inclusive de nosso trabalho. Não há desculpas para quem trabalha em negócios ilícitos ou indecentes, como prostituição, contrabando, motéis, por exemplo.
A nossa ocupação com coisas lícitas e honestas servem também para nos afastar de tentações que são comuns aos desocupados. Se estamos ocupados em ganhar o nosso pão, temos menos tempo para maquinar e executar o mal. Paulo reclamou que havia entre os tessalonicenses “pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia” (2Ts 3.11).
Um dos conceitos básicos da fé reformada é que cada vocação é um ministério diante de Deus. Dentistas, donas de casa, carpinteiros, motoristas de táxi... o que eles fazem é tão espiritual quanto pregar um sermão. Servimos a Deus em nossa vocação, no trabalho que ele nos designou. Portanto, sejamos os melhores trabalhadores do país, para a glória de Deus.
* Texto publicado no dia 01 de maio de 2023, numa segunda-feira
Fonte: Facebook