18 setembro 2022

[Devocional] Outros deuses

John Dod/Robert Cleaver 

Não terás outros deuses diante de mim (Êx 20.3)
 
O significado do primeiro mandamento é que devemos santificar Deus em nosso coração e oferecer-lhe tudo o que é adequado e peculiar à Sua majestade. […] Não ter outros deuses significa não ter nada que nos cause atração irresistível ou que estimamos mais do que Deus. Portanto, a doutrina é que não devemos permitir que nada afaste nossa alma, ou qualquer coisa em nós, de Deus, pois isso passa a ser o nosso deus, aquilo que mais nos atrai. Se nossa mente estiver ocupada com qualquer outra coisa que não seja a glória e o serviço a Deus, isso passa a ser outro deus para nós. Quanto à questão de conveniência, se colocarmos a esperança, a confiança e o coração na riqueza, isso é idolatria. O homem rico descrito no evangelho fez da riqueza o seu deus visto que confiava nela e a adorava; pois aqui ele fala da adoração interior a Deus na alma. Se confiarmos na riqueza e pensarmos que estamos seguros por possuí-la, quando ela nos for retirada, será o nosso fim. […] A ganância é chamada de idolatria […] diante da qual nossa alma e afeições, nossa inteligência, memória, compreensão e todas as nossas faculdades se curvam quando deveríamos nos curvar somente diante de Deus.

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Sobre o autror:
John Dod (1549–1645) estudou na Jesus College, Cambridge. Durante esse período, foi um debatedor tão eficiente que o corpo docente da faculdade o convidou para associar-se a eles, mas Dod declinou a oferta. Continuou em Cambridge durante 16 anos como aluno e depois como professor. Em 1579, foi empossado pastor em Hanwell, Oxfordshire, e ocupou essa posição por 20 anos. Foi genro do famoso puritano casuísta Richard Greenham. A obra mais famosa de Dod é Exposition upon the Ten Commandments [Exposição sobre os Dez Mandamentos], escrito em parceria com Robert Cleaver.



10 setembro 2022

[Devocional] Examine as Escrituras

William Gouge 

E logo, durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Bereia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. At 17:10,11. 

Devemos examinar as Escrituras para conhecer a vontade de Deus, porque nelas está contida a Sua vontade. Essa é a busca para a qual se promete conhecimento e entendimento. E para nos ajudar nesse assunto, devemos ser leitores diligentes da Palavra de Deus. Com referência aos judeus convertidos, nota-se que eles continuaram firmes na doutrina dos apóstolos, e está escrito que eram ouvintes diligentes e constantes dos apóstolos, bem como fiéis confessores e praticantes dessa doutrina. A primeira afirmação é a causa da segunda. A pregação da Palavra é uma grande ajuda para levar-nos a fazer a vontade de Deus. E a esse respeito há uma dupla explicação. Primeira, porque a vontade de Deus é apresentada a nós de modo mais claro, mais distinto e mais completo. Segunda, porque é um meio santificado por Deus para creditar e assegurar a verdade daquilo que é revelado; sim, e para fazer a nossa vontade, o coração e as afeições se renderem a ela e se firmarem nela. Sobre esse assunto, diz a sabedoria de Deus, que está especialmente apresentada na pregação de Sua Palavra: “Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (PV 8:34).

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Sobre o autror:
William Gouge (1578–1653). William Gouge era sobrinho de Samuel e Ezekiel Culverwell, ambos ilustres puritanos. Estudou primeiro na St. Paul’s School e completou o curso secundário na escola de Felstead, Essex, onde seu tio Ezekiel era pároco. Depois estudou em Eaton e dali ingressou-se no King’s College, Cambridge. Gouge fez grandes avanços em lógica e defendeu a nova filosofia de Peter Ramus (um sistema aristotelista diluído). Por recomendação de Arthur Hildersam, Gouge foi nomeado ministro do evangelho da St. Anne’s, Blackfriars. Em 1643, fez parte da Assembleia de Westminster, e dizem que “não havia ninguém mais assíduo que ele”. Gouge, conhecido como um amável erudito, ficou mais famoso por seu livro Commentary on the Epistle to the Hebrews [Comentários sobre a epístola aos Hebreus], concluído pouco antes de sua morte. Publicado posteriormente, o comentário sobre Hebreus encheu dois grandes fólios e consistia de quase mil sermões pregados em Blackfriars.