Em Lc 24, Jesus apareceu vivo a Seus discípulos e explicou que a cruz e a ressurreição, assim como muitas outras circunstâncias de Sua vida, foram profetizadas nas Escrituras. O v. 27 afirma: "E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicou-lhes em todas as escrituras as coisas a seu respeito". Em seguida, no v. 44, Jesus lhes disse que "era necessário que se cumprisse todas as coisas que foram escritas a respeito de mim na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos".
Na pregação dos apóstolos em Atos, na evidência dos Evangelhos e no restante do Novo Testamento, muitos textos do AT são aplicados a Jesus. Esta prática provavelmente é um reflexo dos ensinamentos do próprio Jesus sobre como o AT estava relacionado a Ele. Além disso, como estes assuntos são repetidos e desenvolvidos nas Escrituras, a aplicação de um texto particular a Jesus sugere outros textos que também estão relacionados a este tema ou o repetem. Desta forma, podemos ver uma figura rica em padrões, tipos, alusões e profecias do AT que nos apresenta a Pessoa e a Obra de Cristo.
Do início ao fim, o AT verte a expectativa da vinda de alguém. Gênesis 3:15 fala da “descendência" da mulher que feriria a cabeça do tentador (Gn 3:15). Abraão recebeu a promessa de através da sua "descendência" viria bênção (ou maldição) a todos os povos da terra (Gn 12:1-3; 22:15-18). Entre os descendentes de Abraão, muitos tipos apontam para Alguém que viria. Isaque, filho da promessa (Gn 15:3-6; 17:19), foi oferecido a Deus como sacrifício, mas foi redimido por meio de um substituto (Gn 22:1-14). José, levantado para ser bênção para todos os povos, a princípio foi rejeitado por seus irmãos, mas tempos mais tarde eles buscaram seu perdão (Gn 37; 41-48; 50:15-21). Judá se ofereceu para ficar no lugar de seu irmão e recebeu a promessa de um cetro e da obediência de todos os povos (Gn 49:1,9-12). Apesar de todas as suas obras, Moisés falhou e não pôde entrar na terra prometida, mas Deus disse que no futuro se levantaria um profeta semelhante a ele (Dt 18:15-19). Davi, da tribo de Judá, foi levantado por Deus para libertar e pastorear Israel. Deus fez um pacto com Davi, prometendo levantar um descendente dele e colocá-lo no trono, estabelecendo seu reino para sempre (2Sm 7:8-17; 1Cr 17:7-15). Deus seria seu Pai e ele seria Seu filho (2Sm 7:14).
O pacto com Davi é a chave para a profecia messiânica. Ela engloba todas as profecias anteriores de um rei que viria (como a profecia de Balaão em Nm 24:15-19 de que uma estrela que surgiria de Jacó e exerceria o domínio; comparar 23:24; 24:7-9), e também serve de base para profecias posteriores, como a de Isaías 9:6-7, que fala de um filho que estabelece o trono de Davi para sempre com paz, justiça e retidão; a de Isaías 11:1-10, que fala do "ramo... do tronco de Jessé", sobre o qual repousa o Espírito e que mata os ímpios, traz paz e retidão e estende o conhecimento de Deus a toda a terra; a de Jeremias 23:5 e 33:15, que fala de um "Renovo" justo de Davi, que reinará com justiça e sabedoria; e a de Zacarias 9:9-10, sobre um rei humilde e justo, trazendo salvação, proclamando paz às nações e dominando de um mar a outro.
O sofrimento, livramento e exaltação de Davi são tipos que se repetem e são trazidos a um nível superior de cumprimento nas experiências de seu descendente, Jesus. Isso inclui a pedra rejeitada, que se torna pedra angular (Sl 118), o sofrimento que vem a ser uma descrição literal da cruz (SI 22) e a alma que não é abandonada no sepulcro, a carne que não sofre decomposição (Sl 16).
Dentre as profecias de Isaías, a predição acerca do Servo é crucial. Ele viria e traria Israel de volta para Deus, sendo luz para as nações (Is 49), tomaria sobre si nossas aflições e angústias, seria ferido pelas nossas iniquidades e transgressões, e pelos seus açoites seríamos curados. Ele seria como um cordeiro levado para o matadouro, mas seria ressuscitado (Is 53:3-12). Através dessa profecia, podemos ver tipos e figuras de Cristo no sistema sacrifical, principalmente na Páscoa e no Dia da Expiação.
Mas ainda há mais. Na casa de Davi, seria encarnado um Homem que já conhecemos ao longo das páginas do AT: Um que perdoa pecados e cura doenças (SI 103:3), que dá pão para alimentar uma multidão no deserto (Êx 16), que acalma o mar (Jó 26:12) e virá governar como Rei (Zc 14). Este filho de Davi, filho de Abraão, semente de Eva, é outro que o eterno Filho de Deus.
Fonte: Bíblia King James 1611 com Estudo Holman
26 julho 2020
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